quarta-feira, janeiro 28, 2004

COMUNICADO

No site do SCP:

O Sporting, os bilhetes e os incitamentos à violência

O Sporting Clube de Portugal disponibilizou 1777 bilhetes ao Futebol Clube do Porto para o jogo do próximo sábado. Este número resulta da realidade existente num Estádio de nova geração, no qual, além de 32 mil bilhetes de época vendidos há compromissos com patrocinadores, camarotes e outros lugares especiais. Uma situação que seguramente não é desconhecida do presidente do FC Porto.

Dos bilhetes disponibilizados para o FC Porto, 604, distribuídos por dois sectores contíguos, A9 e A11, estão reservados para as claques do FC Porto. Os restantes distribuem-se pelos sectores B3 e B5, igualmente contíguos. Esta é a situação: clara como água.

O Sporting está consciente de que o número de bilhetes disponibilizados para o Porto poderá ficar aquém do que uma legislação confusa e desajustada da realidade dos novos estádios determina.

O presidente do FC Porto, porém, transformou este quadro num cenário de guerra. Além de uma exposição à Liga na qual desqualifica os próprios adeptos, considerando-os potencialmente perigosos quando instalados no segundo piso dos estádios, patrocinou ameaças de uma espécie de marcha vingativa sobre Lisboa. O Sporting desde já o responsabiliza por incitamento à violência. É de estranhar, aliás, que entidades habitualmente tão zelosas com regulamentos relacionados com a violência no desporto ainda não tenham dado sinal de si perante tal atitude.

Em confronto, neste cenário, estão de facto dois conceitos antagónicos sobre como encarar as pacíficas gentes do Porto.

Pela forma como aborda o assunto dos bilhetes, o presidente do FC Porto considera que qualquer adepto do seu clube que se desloque a Lisboa é uma espécie de membro de claque, talvez um guerreiro imbuído de um espírito de cruzada contra os “mouros”, incapaz de conviver pacificamente com os adversários.

O Sporting não aceita essa provocação. Entende que, salvaguardada a localização das claques, os outros adeptos do FC Porto, a exemplo das boas gentes do Porto, são capazes de conviver pacificamente com adeptos sportinguistas, dentro das naturais normas de segurança.

Apesar da curta existência de novos Estádios, a experiência mostra que situações demonizadas pelo presidente do FC Porto são absolutamente viáveis. Em 4 de Janeiro, adeptos do Sporting ocuparam lugares em pisos superiores do Estádio da Luz, partilharam sectores com apoiantes do Benfica, e nada de anormal aconteceu. Logo, a raiz dos problemas levantados pelo presidente do FC Porto só pode estar em quem, à partida, envolve o futebol em espírito de guerra e encara as multidões de adeptos como exércitos ferozes.

O Sporting não vai por aí e não cede às intimidações. A situação está definida, as claques portistas têm o seu lugares, os restantes adeptos do FC Porto também, aliás excelentes lugares. Quem vier do Porto participar na festa do futebol será bem recebido e não terá quaisquer problemas. Quem, obedecendo a uma estratégia de confronto, vier com intenções diferentes ficará a saber que o Sporting defende eficazmente os sportinguistas e o seu património. A segurança dos frequentadores do Complexo Alvalade XXI é, aliás, uma preocupação prioritária do Sporting, em cooperação estreita com todas as entidades competentes. Foi por isso que o Sporting inaugurou o seu Estádio bem a tempo de realizar uma temporada de testes em várias situações antes do Euro 2004, ao contrário de outros que não têm o seu pronto a escassos meses da importante competição, apesar das exigências da UEFA.

Pela parte do Sporting não está nenhuma guerra no horizonte; apenas a intenção de fazer do grande clássico de sábado um belo e pacífico espectáculo de futebol, dentro e fora das quatro linhas. Se outros pretendem coisa diferente, a opinião pública saberá indentificá-los. O Sporting assume as suas responsabilidades.

Lisboa, 27 de Janeiro de 2004

António Dias da Cunha

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